Canhões do Silêncio




Tendo como tema São Luís, José Chagas, publica em 1979 um grande poema com título de Canhões do Silêncio. Ele parte de elementos do bairro do Desterro para criar os versos incrustados de angústia e metonímias. Sebastião Moreira Duarte (1998) afirma sobre tal obra:

Constitui uma inquietante pergunta sobre o ser e o tempo. Pela metonímia do Mirante e do Desterro, e deste bairro à cidade, em sua trajetória histórica entre o esplendor e a decadência, o eu do poema metaforiza as contradições de grandeza e miséria, de virtude e vício, de permanência e perecimento que assinalam a própria cronicidade do ser humano.

Neste poema, José Chagas se utiliza de vários elementos morfológicos da arquitetura para desenvolver metáforas, comparações e metonímias. Dentre os quais podemos destacar as janelas, telhados e mirantes como elementos mais recorrentes.

É a de uma janela de um mirante que Chagas traça um retrato da cidade, onde se vê os telhados a partir do qual se desenrola o poema como um relato cotidiano e crítico da cidade de São Luís.


São Luís se mostra à vida
para quem queira ou não queira,
como coisa consumida
em luz, em glória, em poeira

E nunca se mostra igual,
nem é só uma, são três:
mistura de Portugal
e Holanda, em sonho francês.

(CHAGAS, José. 1979)


CHAGAS, José. Canhões do Silêncio. Edição. São Luís: Surcap/Sioge, 1979. 

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