Alcântara – Negociação do Azul ou Castração dos Anjos teve sua primeira edição no ano de 1994. O livro é constuído por um grande poema de 323 páginas. Desta forma, José Chagas descreve as ruínas da cidade destacando a historicidade tal como alguns aspectos morfológicos, culturais, arquitetônicos e, consequentemente, a memória de Alcântara.
A prosperidade economica e cultural de Alcântara do século XVIII é apresentada em contraposição com abandono da cidade atual. De um lado a Alcântara do século XVIII, escravista com grande poderio econômico e o padrão de vida europeu. Do outro lado, a cidade que possui uma base espacial, mas que ao mesmo tempo é vista como morta e em ruínas, mas ainda cultiva sua memória, na esperança de ser lembrada não apenas como uma cidade-museu.
O poema ainda é divido em duas partes: a primeira queda (o tempo) e a segunda queda (o espaço). Tal divisão remete as concepções do sociólogo francês Maurice Halback sobre a importância e a decadência da memória coletiva e, consequentemente das cidades. Segundo Maurice (1990), para que a memória coletiva permaneça consolidada em uma comunidade/cidade devem-se conservar marcos do tempo (registros escritos e orais) e do espaço (espaços físicos: arquitetura e morfologia da cidade), sendo esta memória importante para consolidação de uma identidade local.
No livro, marcos do tempo e do espaço são apresentados a fim de apresentar uma cidade que não deve ser vista com a concepção de cidade morta (tão recorrente na poesia), mas que Alcântara como viva, como um verbo, pois a memória coletiva ainda existe...
Alcântara não é substantivo
é verbo
ação
movimento de memória
dinâmica de sentimentos
gerando emoções
e girando sempre
em torno de um fuso
que fia o passado
e o enovela em futuro”
(CHAGAS, p. 173)
CHAGAS, José. Alcântara: Negociação do Azul ou Castração dos Anjos. Edição. São Luís: AML/Sioge, 1994.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.
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